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    sexta-feira, maio 26, 2006

    INSÔNIA - 2ª parte

    Evito vãos de porta desde criança, para afastar os fantasmas.
    Uma espécie de ritual obsessivo. Passo a chave em todas as portas da casa e depois volto pra conferir, uma por uma, antes de me deitar. E também nunca, mas nunca mesmo, eu durmo sozinha.
    Quando sinto que um fantasma está se aproximando, entro em casa, tranco todas as portas e fico deitada na cama, quietinha, rezando.
    Ouvi dizer que eles têm alergia a reza de todo tipo.
    Novena, então, dá até calafrios neles. E uma urticária danada.
    Depois que descobri isso, fiquei mais segura.
    Agora, só durmo depois de fechar todas as portas e de rezar o terço inteiro, pelo menos umas dez vezes, pra ter certeza de que os fantasmas se foram e não voltam tão cedo. Às vezes, só termino de rezar quando o dia já está raiando, sol a pino. Não me importo, não. Sol faz mal pra pele da gente e eu até gosto de dormir de dia e ficar acordada a noite toda.
    Morro de medo de fantasmas, mas não tenho nada contra os vampiros...

    quarta-feira, maio 24, 2006

    INSÔNIA - 1ª parte

    Para o meu marido, Augusto

    Detesto vão de porta.
    Porta foi feita pra ficar aberta ou fechada. Não há meio termo. Nada de porta um pouco aberta. Vão de porta só serve pra meter medo na gente. E pra dar aquele arrepio fino e frio na espinha... Nem escuro ou bicho-papão fazem tão mal pra nossa alma.
    Pelo vão, sempre passam fantasmas horripilantes que roubam nossos sonhos noturnos. Se dermos azar, eles levam a nossa alma também. Aí pronto. O sujeito fica desalmado, com seus atos e pensamentos sendo controlados pelos seres do além. É um inferno danado pra voltar a ser como antes, pra recuperar a alma roubada. E haja banho de descarrego, promessas pra todos os santos, velas de Sete Dias acesas pela casa inteira.
    Pra evitar amolação, prefiro manter todas as portas da casa fechadas e trancadas. Que é pra não correr o risco de se abrirem com o vento ou com o sopro de algum fantasma ladrão de almas.

    quinta-feira, maio 11, 2006

    Rum

    Os homens bebiam do rum, brindavam e festejavam! Que alegria! Terminavam a reforma da casa e, como agradecimento, haviam se dado - mesmo sem a autorização do dono da casa - um ou vários goles do rum especial, no barril que haviam encontrado na adega! Era muito rum, um rum encorpado, mas eram muitos homens e o líquido acabou.
    Ainda assim, o barril continuava pesado...

    20 anos antes...
    - Bela idéia a sua! - exclamou a mulher ao contador.
    - Ora, eu realmente consegui evitar todas as taxas que você pagaria ao trazer o corpo de seu marido da Jamaica à Hungria! Só não poderia saber que eles trocariam o barril...
    A mulher fez uma careta de ódio.
    - Bom - disse, enfim - não adianta reclamar. Vamos atrás do barril com meu marido...

    Coisas da minha imaginação doentia???