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    segunda-feira, maio 28, 2007

    AVISO AOS NAVEGANTES


    Somos pagãos, anarquistas, poetas e libertários!
    Por isso, decidimos acabar com a obrigação moral, que nós mesmos inventamos, de ter que escrever no blog 4 vezes por semana.
    A partir de agora, só vamos escrever quando tivermos vontade ou tivermos algo a dizer.
    Afinal, a verdadeira escrita é um ato de espontaneidade.
    O blog continuará, com seus 4 escritores: Ana, Gu, Quindim e Jubileu.
    E cada um escreverá o que quiser e quando bem quiser!
    Queremos tornar esse espaço um lugar de prazer, muito mais do que de dever.
    Então, até as próximas viagens literárias!

    quinta-feira, maio 24, 2007

    Pausa para nossos comerciais


    A Angu Corporation e Almaration apresenta seu mais novo site de comércio eletrônico:




    Lá, você pode comprar seu filho à vista ou em 9 vezes sem juros. Você encomenda o bebê e, a cada mês, mandamos para você uma barriga de enchimento para você simular a gravidez. Mas você não precisa passar pela dor do parto! O bebê é entregue em sua casa, na data que você preferir, e com garantia* pela vida inteira!


    *1. Caso haja defeitos na criança, conforme descrito em 2, os pais receberão todo o dinheiro que investiram de volta, em dobro. 2. A garantia cobre apenas os desvios de caráter do tipo sociopáticos que levem a criança a assassinar todos os parentes. 2. No caso de nenhum parente reclamar a devolução no prazo de 1 ano após o assassinato do último parente, a Angu Corporation e Almaration reserva-se o direito de suspender a garantia.


    Escolha o modelo de criança que quiser: afro, asiático, europeu. Nosso harém de escravas sexuais é bastante variado para atender qualquer demanda!


    www.9meses.bb. O único site de venda de crianças no qual o entregador vai vestido de cegonha! Não perca mais nenhum minuto e realize o sonho de sua mãe: ter um neto!


    Mais um empreendimento Angu Corporation & Almaration: fazendo tudo dentro ou fora da lei para que os donos sejam cada vez mais ricos! (tá, pelo menos a gente não engana ninguém com aquele papo politicamente correto...)

    quarta-feira, maio 23, 2007

    Sonhos esquisitos...


    O dia de hoje foi, no mínimo, estranho...
    Meu pai teve um sonho que, minutos depois, se tornou a mais pura realidade.
    E, enquanto eu fazia xixi na cozinha e levava uma bronca enorme dele, minha mãe sonhou que estava fazendo xixi e acordou inteira molhada, sem entender nada!
    Isto só prova que sonho com fé, verdade é!

    segunda-feira, maio 21, 2007

    1001 golins dágua, 9ª visita


    A pomba voltou, tomou seu golinho e continuou:
    Então o homem casado há muito tempo contou ao recém-casado:

    Entrei em casa temoroso. O elefante não estava na sala. Chamei minha esposa repetidas vezes, o que pareceu enlouquecer o elefante, que bramia ininterruptamente! Escondi-me na cozinha e percebi que o bramido vinha do banheiro. Pensando bem, eu reconhecia o som. Era a descarga da privada.
    Ela havia, obviamente, disparado.
    Fui até lá e bati na porta:
    "Amor?"
    Havia um nervosismo na voz de minha esposa que me incomodou. Sua resposta foi:
    "Mas o que você está fazendo em casa tão cedo?"
    E mais uma vez, pude ouvir a descarga.
    "Me deixa entrar e olhar essa descarga que disparou?"
    "Não!", ela gritou, "vá chamar o zelador".

    Ora, minha mulher não é ninguém de se jogar fora. Nesse momento, passei a ter um ciúmes doentio. Ela estava com alguém no banheiro. E a privada não tinha disparado: eles provavelmente estavam tentando se livrar das evidências. Camisinhas com sabor de pêssego e textura na ponta, óleos de massagem e calcinhas de oncinha, tudo se recusando a descer pelo cano da privada!
    E ela queria que eu fosse chamar o zelador para que o marinheiro pudesse fugir, é óbvio!
    Esmurrei a porta com força! Eu podia sentir o cheiro do suor com sexo e água salgada que se desprendia dos corpos dos dois e atravessava as frestas da porta, chegando às minhas narinas dilatadas pela raiva. Era mesmo um marinheiro, mas não um comum: era um desses seres rastejantes que vivem nas salas de máquinas dos submarinos!

    E agora ele estava nu, no meu banheiro, com a minha esposa!

    Então uma chuva grossa espantou a pomba, forçando-me a esperar mais uma semana para saber o fim da história...

    domingo, maio 20, 2007

    Tempo da Travessia


    "Há um tempo em que é preciso
    abandonar as roupas usadas,
    que já têm a forma do nosso corpo,
    e esquecer os nossos caminhos,
    que nos levam sempre
    aos mesmos lugares.
    É o tempo da travessia;
    e se não ousarmos fazê-la,
    teremos ficado, para sempre,
    à margem de nós mesmos".

    (Fernando Pessoa, in Vida Simples, edição 53, p. 69)

    sexta-feira, maio 18, 2007

    Condensado...

    Querem uma aula de física? Lá vai: quando um corpo sólido passa para estado líquido, seu volume diminui. Meu salário, por exemplo: líquido, é 16% menor do que bruto!

    Mas o que eu acho pior mesmo é que ele entra líquido na minha conta e passa imediatamente pro estado gasoso: evapora!...

    terça-feira, maio 15, 2007

    Filosofia de Clarice para cães


    Eu tenho a vida que minha mãe pediu a Deus.
    Como quando tenho fome (ou quando me dão comida).
    Durmo na hora que tenho sono.
    Brinco quando quero brincar.
    Fico sem fazer nada quando não tenho nada pra fazer...
    Ninguém exige que eu faça mestrado, doutorado, especialização, cursos em outras línguas.
    Não há cobrança para que eu case, tenha filhos, compre um carro, um imóvel.
    Não preciso procurar emprego, pensar em estabilidade, aposentadoria.
    Não tenho que decidir onde vou aplicar o dinheiro, que contas vou pagar, em que político votar.
    Não fico por aí filosofando, perguntando qual é o sentido da vida, se sou feliz ou não.
    No fundo, os humanos invejam essa imensa liberdade de não-ser que é própria dos seres da minha espécie.
    Clarice Lispector uma vez questionou: "Por que o cão é tão livre?". A resposta, dada por ela mesma, veio certeira: "Porque ele é o mistério vivo que não se indaga".
    Grande sábia, essa mulher.

    segunda-feira, maio 14, 2007

    1001 golins dágua, 8ª visita

    A pomba apareceu, de novo, sem a pena encravada e se sentindo bem melhor (obviamente, o plano de saúde dela não era Unimed...). Tomou seu golinho, como sempre, e contou:

    Então, o rapaz casado há tempos contou:

    Foi um bom começo de dia: a sogra do meu patrão morreu e fomos liberados do trabalho mais cedo, pois ele queria compartilhar a alegria dele conosco. Assim, ao invés de sair do trabalho às 18h, saímos às 15h.
    No elevador, eu assobiava 'o passo do elefantinho'. Ao sair, notei um som estranho que vinha de dentro do apartamento. Do meu apartamento! Era uma espécie de bramido e fiquei com medo de ter evocado um elefante com meu assobio.
    Parece ridículo, eu sei, mas já aconteceu antes comigo. Uma vez, cantei "entre tapas e beijos" para uma garota numa boate punk e levei um tapa. Outra vez, mijei num poste enquanto cantava "Eu não sou cachorro, não".
    Disso para aparecer um elefante na sala de estar não devia estar muito longe, pensei. É claro, eu tinha tomado 2 ou 3 cervejas oferecidas na comemoração do patrão...
    Achei que minha esposa ia brigar comigo ao descobrir que o elefante tinha sujado o carpete. Mas a vida sempre supera a imaginação: o que me esperava era bem pior!

    Mas aí, minha mãe colocou minha ração e eu fui comer, dizendo à pomba: volta depois pra terminar, ok?

    sábado, maio 12, 2007

    CANÇÃO DA MIRADA SECRETA


    "Foram-se os amores que tive
    ou me tiveram. Partiram
    num cortejo silencioso e iluminado.
    A solidão me ensina
    a não acreditar na morte
    nem demais na vida: cultivo
    segredos num jardim
    onde estamos eu, os sonhos idos,
    os velhos amores e os seus recados,
    e os olhos deles que ainda brilham
    como pedras de cor entre as raízes".

    (Lya Luft, in Secreta Mirada)

    quinta-feira, maio 10, 2007

    Diaconal

    O bispo, aquela manhã, levantou e se encaminhou para a porta, mas acabou trombando na parede lateral do quarto. Espantado, percebeu que só conseguia se mexer na diagonal. Virou-se para a cama e tentou andar em linha reta até lá, mas terminou chegando à janela. Olhou para fora e viu os peões na obra em frente, trabalhando devagar, passo a passo, e dois cavalos da polícia que pareciam ter soluço: a cada três passos, davam um pulo para o lado.
    Com muito esforço e cálculo, chegou à porta e saiu do quarto, dando de cara com a rainha, que vinha correndo em linha reta.
    Não teve dúvidas: comeu a rapariga.

    E terminou no xadrez...

    terça-feira, maio 08, 2007

    Coça daqui, coça de lá, o negócio é se coçar!


    Minha mãe já tentou de tudo. Comprou diversos remédios contra pulgas, me levou no pet shop pruma sessão especial de banho e tosa e, por fim, ela mesma me deu um banho em casa, com sabonete Dove, pra ver se a minha coceira parava. E nada adiantou...
    Acho que ela não percebeu ainda que eu gosto mesmo é de me coçar. Além de ser uma prática deliciosa para os espécimes da minha raça, acabo chamando a atenção dela, que logo vem me fazer um carinho.
    Não sei por que ela odeia tanto as minhas pulguinhas. Eu já me apeguei a elas e dei, pra cada uma, um nome diferente e um lugar determinado pra morar no meu corpinho. Todo bicho que se preza tem uma coleção de pulgas, ainda que pequena.
    Outro dia eu estava assistindo ao DVD do show da Adriana Partimpim e ouvi uma música que ela fez em parceria com o poeta Ferreira Gullar. A música conta a estória do gatinho dele, que também se coça o tempo todo, pois tem umas pulgas de estimação, assim como eu. O poeta já tentou de tudo pra eliminar as pulgas e, por fim, desistiu.
    Ora, ora, será que minha mãe tá se achando uma heroína???
    Se nem o Ferreira Gullar conseguiu eliminar as pulgas do seu gatinho, não será ela, uma simples poeta mortal e desconhecida, que vai acabar com as minhas amiguinhas!
    PS: qualquer semelhança do poodle da foto comigo é mera coincidência!

    1001 golins dágua, 7ª visita

    Passou-se mais uma semana e a pomba voltou. Não falou muito, dessa vez, porque estava com uma pena encravada no rabo e não conseguia ficar sentada direito. Mas, depois do golinho de sempre, me contou:

    O recém-casado contou:


    Eu ouvia perfeitamente a casquinha de feijão me chamando do copo. Em minha cabeça, ela era tão grande que não podia caber no copo. Era um submarino ao léu, rodando de lá para cá, disposto a conhecer minha garganta.
    Eu continuava engasgado e, a essa altura, parara de respirar. Então, numa decisão repentina, tomei todo o conteúdo do copo!
    O que me impeliu àquilo foi a vergonha. Eu não podia explicar pra minha esposa que estava com nojo daquele feijão. Eu não podia quebrar a magia de nosso casamento. Coloquei o copo na mesa com um movimento enérgico, abri os olhos e a encarei.
    Sua expressão era do mais profundo asco.
    "Tinha alguma coisa nojenta no copo que você bebeu", ela disse.
    Desde então, ela não quer me beijar. Já escovei os dentes, já bochechei com listerine, até alcool gel eu passei na boca. Mas ela não consegue se esquecer do submarino...

    Ora, disse o homem casado há anos, isso não é nada, comparado à minha história!

    E então, não suportando a dor nas penas da cauda, a pomba voou, prometendo voltar para contar a outra história.

    sexta-feira, maio 04, 2007

    Ditado Filosófico






    O filósofo é uma criança que cresceu e continua perguntando por quê!

    quinta-feira, maio 03, 2007

    Casei-me com uma borboleta...

    Eu a conheci saindo do casulo, as asas ainda molhadas. No começo, achei estranho seus mil olhares e me incomodava a forma com que suas asas farfalhavam. Mas fui observando ela começar a voar, alçar os céus, lutar pela própria vida nas teias de aranha e, a cada dia, fiquei mais e mais emocionado com sua beleza.


    Hoje faz três anos que estamos juntos e eu posso dizer: não há nada mais gostoso do que sonhar coberto por suas asas.


    Te amo, minha anjinha!

    terça-feira, maio 01, 2007

    Dia do Trabalho...


    Nome estranho prum dia em que ninguém trabalha. Não seria melhor chamar de Dia do Descanso ou do Não-Trabalho? Esses humanos são uns seres esquisitos mesmo...
    Eu defendo o "não-trabalho" no dia 1º de Maio. Aliás, em todos os dias do ano. Nunca fui um grande defensor da máxima segundo a qual "o trabalho dignifica o homem". Pra mim, o trabalho cansa o homem, isso sim!
    Nada de trabalho árduo ou hercúleo. Hércules e seus seguidores que se explodam e vão fazer seus Doze Trabalhos em outro planeta! Ou melhor, que fiquem escondidos e restritos aos livros de Mitologia Grega.
    Prefiro ficar aqui na Terra e bem longe da Grécia, sendo apenas um preguiçoso cachorro de madame.
    Ai que preguiça! Não sei nem por que fui escrever esse maldito post.