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Ontem fiquei emocionada ao saber que uma amiga querida, que faz Doutorado em Literatura Portuguesa, achou uma carta inédita escrita pelo Fernando Pessoa, no espólio do escritor. Para ela, que está fazendo pesquisa em Portugal, isso é o mesmo que encontrar um tesouro perdido! O fato me fez lembrar que eu também havia achado um poema inédito - e lindo - do meu pai, no "espólio" dele. Foi uma espécie de arqueologia literária: decifrei a letra do meu pai, busquei o sentido das palavras, tentei entender aquelas que faltavam... Eu, do outro lado do Oceano Atlântico, descobri essa jóia no Brasil:
"Nos teus olhos vou pintar a madrugada
No teu beijo um vermelho pôr-do-sol
Do sorriso vou compor uma balada
Dos cabelos uma suíte em si bemol.
E assim feita de mentira e melodia
Você linda de verdade fugirá
Como a ninfa de outro sonho, de outro dia
A beleza desta noite levará.
E as migalhas de sorrisos derramadas
Em passagens que o destino não cantou
Serão tristes alegrias transformadas
Destas lágrimas que alguém jamais chorou.
A noite se esconderá
Numa estrela que não se vê
Minha paisagem será
Madrugada sem você".
"Nos teus olhos vou pintar a madrugada
No teu beijo um vermelho pôr-do-sol
Do sorriso vou compor uma balada
Dos cabelos uma suíte em si bemol.
E assim feita de mentira e melodia
Você linda de verdade fugirá
Como a ninfa de outro sonho, de outro dia
A beleza desta noite levará.
E as migalhas de sorrisos derramadas
Em passagens que o destino não cantou
Serão tristes alegrias transformadas
Destas lágrimas que alguém jamais chorou.
A noite se esconderá
Numa estrela que não se vê
Minha paisagem será
Madrugada sem você".
(Antônio Venceslau Marra
* 28/09/1934 - † 26/08/2006)
2 comentários:
Essa estrelinha e essa cruzinha foram por causa do Quintana?
Foram sim. Mas acabei deixando conforme manda a tradição.
O poema dele manda fazer o contrário:
"Na mesma pedra se encontram
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
'Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!'".
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