
Adoro as deliciosas surpresas às quais essa leitura me submete: achar um poema não lido num livro que tenho há anos na estante...
Hoje aconteceu exatamente isso. Junto com o café da manhã, fui comer meu alimento diário da alma: ler um poema. Estava comendo uma maçã verde e a fruta me fez lembrar da capa de um livro de poesia da Hilda Hilst: Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão.
Peguei o livro imediatamente e li o penúltimo poema.
Fui presenteada, logo cedo, com o "ouro" de Hilda:
"Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
'Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas'.
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto."
PS: Quindim está de licença médica essa semana. O departamento de Recursos Humanos disse que ele volta a trabalhar na semana que vem!
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