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    sexta-feira, janeiro 26, 2007

    DESTINO DE FAMÍLIA


    Destino de família:
    As mãos cortadas.
    Minha mãe cortava as dela na cozinha
    Picando a carne e os legumes,
    Os dedos sempre iam junto.
    Era aquela sangüera só!
    Todo mundo corria pra acudir,
    Ajudar a estancar o sangue.
    E ela ficava lá,
    De atadura nos dedos
    Durante dias e dias.
    Tinha orgulho em mostrar:
    Ó, Ó, eu cortei o dedo com a faca, Ó!
    Já minhas mãos, eu, ou melhor,
    Meu gato as cortava em qualquer canto da casa.
    O motivo era simples:
    Eu queria que ele fosse cachorro
    A todo custo.
    Ficava apertando sua barriga
    Insistindo pr’ele ficar no meu colo.
    Claro que eu não conseguia
    E ainda ganhava várias
    Mordidas e unhadas de gato nas mãos.
    Sabe como é
    Dente de vampiro, garras afiadas...
    Era aquela sangüera só!
    E lá ficava eu,
    De curativo nas mãos
    Durante dias e dias.
    De repente, parei de ter orgulho das minhas feridas
    Desisti do gato.
    Comprei um cachorro.
    E foi assim que o destino de família ficou desfeito.

    (esta poesia foi selecionada para o Especial da Família, do site Patife, que infelizmente saiu do ar)

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