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    terça-feira, maio 08, 2007

    1001 golins dágua, 7ª visita

    Passou-se mais uma semana e a pomba voltou. Não falou muito, dessa vez, porque estava com uma pena encravada no rabo e não conseguia ficar sentada direito. Mas, depois do golinho de sempre, me contou:

    O recém-casado contou:


    Eu ouvia perfeitamente a casquinha de feijão me chamando do copo. Em minha cabeça, ela era tão grande que não podia caber no copo. Era um submarino ao léu, rodando de lá para cá, disposto a conhecer minha garganta.
    Eu continuava engasgado e, a essa altura, parara de respirar. Então, numa decisão repentina, tomei todo o conteúdo do copo!
    O que me impeliu àquilo foi a vergonha. Eu não podia explicar pra minha esposa que estava com nojo daquele feijão. Eu não podia quebrar a magia de nosso casamento. Coloquei o copo na mesa com um movimento enérgico, abri os olhos e a encarei.
    Sua expressão era do mais profundo asco.
    "Tinha alguma coisa nojenta no copo que você bebeu", ela disse.
    Desde então, ela não quer me beijar. Já escovei os dentes, já bochechei com listerine, até alcool gel eu passei na boca. Mas ela não consegue se esquecer do submarino...

    Ora, disse o homem casado há anos, isso não é nada, comparado à minha história!

    E então, não suportando a dor nas penas da cauda, a pomba voou, prometendo voltar para contar a outra história.

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