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    terça-feira, março 20, 2007

    E a seda azul do papel que envolve a maçã...

    Dificilmente leio um livro da primeira até a última página. Gosto de começar pelo fim ou pelo meio e, por isso, poemas e contos me agradam mais que romances, pois permitem uma leitura não-linear.
    Adoro as deliciosas surpresas às quais essa leitura me submete: achar um poema não lido num livro que tenho há anos na estante...
    Hoje aconteceu exatamente isso. Junto com o café da manhã, fui comer meu alimento diário da alma: ler um poema. Estava comendo uma maçã verde e a fruta me fez lembrar da capa de um livro de poesia da Hilda Hilst: Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão.
    Peguei o livro imediatamente e li o penúltimo poema.
    Fui presenteada, logo cedo, com o "ouro" de Hilda:

    "Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
    Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
    Dirás que sangue é o não teres teu ouro
    E o poeta te diz: compra o teu tempo

    Contempla o teu viver que corre, escuta
    O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
    Enquanto faço o verso, tu que não me lês
    Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
    O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
    'Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas'.
    Irmão do meu momento: quando eu morrer
    Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
    MORRE O AMOR DE UM POETA.
    E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
    E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto

    Não cabe no meu canto."

    PS: Quindim está de licença médica essa semana. O departamento de Recursos Humanos disse que ele volta a trabalhar na semana que vem!

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