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    sexta-feira, abril 20, 2007

    Espólios Literários


    Ontem fiquei emocionada ao saber que uma amiga querida, que faz Doutorado em Literatura Portuguesa, achou uma carta inédita escrita pelo Fernando Pessoa, no espólio do escritor. Para ela, que está fazendo pesquisa em Portugal, isso é o mesmo que encontrar um tesouro perdido! O fato me fez lembrar que eu também havia achado um poema inédito - e lindo - do meu pai, no "espólio" dele. Foi uma espécie de arqueologia literária: decifrei a letra do meu pai, busquei o sentido das palavras, tentei entender aquelas que faltavam... Eu, do outro lado do Oceano Atlântico, descobri essa jóia no Brasil:

    "Nos teus olhos vou pintar a madrugada
    No teu beijo um vermelho pôr-do-sol
    Do sorriso vou compor uma balada
    Dos cabelos uma suíte em si bemol.

    E assim feita de mentira e melodia
    Você linda de verdade fugirá
    Como a ninfa de outro sonho, de outro dia
    A beleza desta noite levará.

    E as migalhas de sorrisos derramadas
    Em passagens que o destino não cantou
    Serão tristes alegrias transformadas
    Destas lágrimas que alguém jamais chorou.

    A noite se esconderá
    Numa estrela que não se vê
    Minha paisagem será
    Madrugada sem você".

    (Antônio Venceslau Marra
    * 28/09/1934 - † 26/08/2006)

    2 comentários:

    Augusto Galery disse...

    Essa estrelinha e essa cruzinha foram por causa do Quintana?

    Ana Grein disse...

    Foram sim. Mas acabei deixando conforme manda a tradição.
    O poema dele manda fazer o contrário:

    "Na mesma pedra se encontram
    Conforme o povo traduz,
    Quando se nasce - uma estrela
    Quando se morre - uma cruz.
    Mas quantos que aqui repousam
    Hão de emendar-nos assim:
    'Ponham-me a cruz no princípio...
    E a luz da estrela no fim!'".