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    sábado, abril 14, 2007

    Mineirice


    Sempre me perguntam de onde eu sou. Meu sotaque é mineiro, sem dúvida, mas o semblante, europeu. Tenho aquele jeito brejeiro de Minas e os traços e cabelos de atriz francesa. Meu pai, mineiríssimo, sempre me chamava de sua "francesinha".
    Dizem que a pessoa é natural da cidade onde viveu mais tempo, pois é lá que se encontra a morada da sua alma.
    Nasci em Curitiba e herdei a pele alva da minha mãe, neta de austríacos. Fui morar em Belo Horizonte com apenas 9 meses de idade e lá vivi durante 32 anos. São Paulo virou minha residência fixa não faz nem 3 anos. Não há como negar: sou mineira mesmo!
    E, como boa mineira, amo o azul da Serra da Piedade, o verde da Serra do Cipó, as igrejas e a arquitetura de Tiradentes e de Ouro Preto, os poemas de Adélia Prado e Carlos Drummond...
    Ouro Preto, então, é o lugar onde procuro minha alma, quando anda perdida por aí.
    É só chegar lá e buscar a danada, que pode estar escondida num banco de uma praça qualquer, numa margarida na beira do caminho, numa loja de pedras semi-preciosas, em um delicioso doce mineiro ou num amor feito com delicadeza nas pousadas coloniais da cidade.
    Acho que foi em Ouro Preto que Adélia escreveu esses versos, falando de amor sem pudor nenhum, inspirada pela bruma prateada que paira sobre a cidade, permitindo a vista apenas dos morros e das igrejas mais altas:

    "Vamos dormir juntos, meu bem,
    sem sérias patologias.
    Meu amor é este ar tristonho
    que eu faço pra te afligir,
    um par de fronhas antigas
    onde eu bordei nossos nomes
    com ponto cheio de suspiros" (Psicórdica, in Adélia Prado, o sempre amor).

    Nada mais mineiro...

    Um comentário:

    Kafé Roceiro disse...

    Ei Ana,
    Brasileiros, com toda certeza, todos tem uma raiz européia, africana, quando muito raro indígena. Nossas miscelâneas é que são fantásticas. Temos um pouco da magia de todos os povos! Um forte abraço do Kafé.